Música é algo que nos inspira muito, especialmente quando a sua letra ou melodia nos impacta de uma forma mais pessoal. Existem diversas circunstâncias que são inspiradoras para os compositores, ainda mais quando conseguem criar um storytelling a partir de suas palavras, criando (literalmente) um filme na mente de cada pessoa que consome sua música. Pensando nisto, selecionei sete músicas que são inspiradas em livros e que com toda a certeza você vai amar: 

1. Pet Sematary, Ramones. 

Stephen King é muito fã do Ramones e até ajudou a promover um show deles em sua cidade natal, no estado de Maine. Então, em 1989, dois integrantes da banda escreveram a letra desta música para ser o tema da adaptação do livro de mesmo nome (O Cemitério aqui no Brasil). Até hoje a música é um grande sucesso. Para quem não conhece, o livro conta a história de Louis Creed, um jovem médico de Chicago, que acredita ter encontrado seu lugar numa pequena cidade do Maine. Então, muda-se com sua família pra lá e aparentemente está tudo indo muito bem. Mas, durante um dos primeiros passeios familiares para explorar a região, conhecem um cemitério no bosque próximo a sua casa. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação. Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. É uma das minhas histórias favoritas do King. Vale a pena conferir. 

2. Ramble On, Led Zeppelin. 

Muitas músicas desta banda que eu tanto amo são inspiradas na série Senhor dos Anéis do escritor inglês J.R.R Tolkien, que dispensa qualquer comentário. Mas, esta em específico é uma de minhas favoritas, e tem um trecho em que ela diz: "Nas profundezas mais sombrias de Mordor, conheci uma garota tão justa, mas Gollum, o malvado, rastejou acima, e escapuliu com ela" (veja a letra completa aqui). Deu pra perceber que existem várias referências a elementos e personagens famosos deste universo fantasioso e que claramente esta poderia ser até uma jornada feita por Frodo. 

3. Scentless Apprentice, Nirvana. 

A profundidade das letras do Nirvana sempre me deixaram hipnotizada e não é atoa que a banca continua extremamente relevante nos dias atuais. Mas, você sabia que Scentless Apprentice é inspirada no livro Perfume – História de um Assassino, do escritor alemão Patrick Süskind. Em uma entrevista que rolou em 1993, Kurt Cobain disse que tinha lido esta obra pelo menos umas 10 vezes porque era aquele tipo e livro que poderia facilmente tirá-lo do tédio ou de situações estressantes. Quem nunca, não é mesmo? Apesar disso, é um fato bem curioso, já que a história desta obra é bem sombria. Nela, acompanhamos o personagem de Jean Baptiste Grenouille, que fica rico ao entrar na indústria da perfumaria, pois tem um faro apuradíssimo e uma maneira bizarra e assustadora de coletar diversos odores inusitados para compor seus produtos e fazer deles verdadeiras armas de sedução. 

4. Iron Maiden, Sign Of The Cross.

Confesso que quando descobri mais sobre esta música, fiquei um tanto chocada, apesar não conhecer muito do repertório da banda. A sua letra está ligada a obra atemporal O Nome da Rosa de Umberto Eco, que traz as investigações do frade franciscano William de Baskerville a respeito de uma série de crimes misteriosos cometidos em uma abadia medieval. Eu pessoalmente acho a letra linda e bem simbólica em relação ao livro que ela se inspirou. Mas, esta não é a única música deles com teor literário: em Murders In The Rue Morgue, ele usam o conto Os Assassinatos da Rua Morgue de Edgar Allan Poe como principal inspiração. 

5. A hora da estrela, Pato Fu. 

A banda nacional Pato Fu prestou uma linda homenagem a Clarice Lispector com esta música que considero belíssima. O romance, de mesmo nome, narra a história da datilógrafa alagoana, Macabéa, que migra para o Rio de Janeiro, tendo sua rotina narrada por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M. Em 1985 ele teve sua adaptação para o cinema, que você pode assistir na íntegra clicando aqui. Aliás, vale a pena conferir o trabalho desta banda. Nossa música brasileira contemporânea possui muita riqueza em sonoridade que muitas vezes é despercebida ou ignorada. Dê uma chance. 

6. Capitães de Areia, Luiz Beleza.

Este foi o primeiro livro clássico brasileiro que li e até hoje o considero o meu favorito. Esta história publicada por Jorge Amado em 1937 é tão maravilhosa, mesmo que de uma maneira trágica. E esta música reflete tudo o que o livro passa, o que a torna muito especial. Para mim, este é o trecho que mais mexe comigo: "Eram apenas meninos, não havia intenção ruim; Talvez nem fossem distintos, foi o destino que os deixou assim; Pobreza , destreza ,nobreza, tal qual início, meio e fim; Não era luxo nem vaidade, simplesmente circunstâncias ruins". 

7. Lanterna dos Afogados, Paralamas do Sucesso. 

Olha ele aqui novamente: Jorge Amado e suas obras inspirando nossa música. Neste caso, a música se inspira na sua obra Jubiabá, retrata o cotidiano das classes populares na cidade de Salvador, na Bahia, sob a perspectiva do personagem Antônio Balduíno, um menino criado em uma favela, que se torna um líder grevista. O título da música é uma referência a um capítulo em que as mulheres dos pescadores locais esperavam os seus maridos com lanternas, para ajudá-los a achar o caminho certo. 

Eu fiz uma playlist com várias outras músicas. Caso queira conferir, só clicar aqui. 

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