BELL HOOKS É PARA TODO MUNDO.

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A primeira vez em que ouvi falar sobre bell hooks foi durante a vinda de Angela Davis ao Brasil, por meio da editora Boitempo. Assim, fui adentrando na sua lista de obras e me deparo com uma mulher incrível que tem muito a nos ensinar. Por isso, conheçam Gloria Jean Watkins. Ou somente, bell hooks. 

Nascida em 25 de setembro de 1952, na cidade de Hopkinsville em Kentucky, nos EUA, hooks cresceu em uma família humilde, filha de um zelador e uma dona de casa. Assim como muitas autoras negras que viveram nos EUA na década de 50, foi um período extremamente complicado para vislumbrar um futuro com realizações ambiciosas, uma vez que a segregação racial tornava o cotidiano bem limitado. No máximo da aceitação estava a profissão de educadora (que ainda hoje merece mais respeito e consideração). 

Mas, para a pequena Gloria, tudo era possível quando começou a perceber que poderia pensar grande, apesar de tudo. “Para construir a minha voz eu tinha que falar – e falar foi o que fiz – lançando-me para dentro e para fora de conversas e diálogos de gente grande, respondendo a perguntas que não eram dirigidas a mim, fazendo perguntas sem-fim, discursando." (HOOKS, 2019a, p. 32) 

Contudo, a luta não foi nada fácil, especialmente quando começou a frequentar um colégio dessegregado, onde percebia o racismo sistêmico por parte dos alunos e até da coordenação da instituição. Foi um momento de muita tristeza em sua vida, conforme narra em seu livro de memórias Wounds of Passion: A Writing Life (1997). O olhar crítico sobre sua realidade sempre se manteve afiado, o que mais tarde se tornaria uma munição potente para diversos pensamentos e estudos que encontramos em seus livros. 

Ao completar 18 anos, em 1970, ingressou na Universidade de Stanford, na Califórnia, para estudar Língua Inglesa. Mas, também encontrou um ambiente hostil para pessoas negras, especialmente para as mulheres. "Como a maioria de nós chegou à faculdade na esteira de uma poderosa luta antirracista por direitos civis, sabíamos que encontraríamos aliados nessa luta – e, de fato, encontramos. Notadamente, o machismo confesso de meus professores era mais duro que seu racismo velado”  (hooks, 2020, p. 24). Com uma carreira acadêmica incrível, hooks apresentou sua tese de doutorado em 1983, sobre Toni Morrison intitulada Keeping a hold on life: reading Toni Morrison´s fiction

Adotando o pseudônimo bell hooks em homenagem a sua querida bisavó, Bell Blair Hooks, a partir da década de 80, suas obras passam a surgir a medida que o movimento feminista, negro e LGBTQUIA+ passa a ganhar protagonismo com suas inúmeras pautas por meio de protestos, obras e mudanças na sociedade. Aliás, suas abordagens sempre levam as vertentes de raça, classe e gênero; produção cultural; espiritualidade; amor e autoestima; educação. É material para ser lido com a mente aberta e de forma a refletir sobre seu próprio meio e trajetória de vida. 



Considera uma das maiores estudiosas do mundo, bell hooks foi uma mulher grandiosa e que deixou para nós um legado de ensinamentos poderosos. Por isso, abaixo segue uma lista com as principais obras da autora para você adquirir e conhecer o poder que suas palavras podem causar em sua vida (sim, estou espalhando a Palavra de bell hooks para vocês!). 

Conheça suas obras:

Teoria Feminista 

Crítica e propositiva, bell hooks defende uma revolução feminista que transcenda reformas, com enfrentamento das ideologias do sexismo, do racismo e do capitalismo, entre outras. Defender o feminismo é não admitir qualquer tipo de opressão sobre (ou entre) mulheres. É considerar homens como potenciais opressores, mas também potenciais camaradas na luta. Em linguagem acessível, a autora faz críticas aos problemas ainda atuais do feminismo, que costuma ser branco, de classe média, acadêmico, heteronormativo e desigual. Em contrapartida, propõe a revolução feminista idealizada por mulheres negras. Diferentes mulheres, provenientes do centro e das margens, em solidariedade política, com a parceria de homens, tendo como foco a ressignificação das relações. A revolução feminista negra é uma luta por libertação, de todxs. Obra basilar do feminismo negro que, ao abordar os processos de opressão das mulheres negras, das mulheres situadas na margem, dá sentido à centralidade da luta feminista, ao enfrentamento do racismo patriarcal heteronormativo. Feminismo é um compromisso ético, político, teórico e prático com a transformação da sociedade a partir de uma perspectiva antirracista, antissexista, antilesbofóbica, anti-homofóbica, antitransfóbica, anticapitalista. Teoria Feminista: Da Margem ao Centro é, assim, uma convocação para a construção de uma nova ordem social.

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Erguer a voz

“Enfrentar o medo de se manifestar e, com coragem, confrontar o poder, continua a ser uma agenda vital para todas as mulheres”, escreve bell hooks no prefácio à nova edição de Erguer a voz. Na infância, a autora foi ensinada que “responder”, “retrucar” significava atrever-se a discordar, ter opinião própria, falar de igual pra igual a uma figura de autoridade. Nesta coletânea de ensaios pessoais e teóricos, em que radicaliza criticamente a máxima de que “o pessoal é político”, bell hooks reflete sobre assuntos que marcam seu trabalho intelectual: racismo e feminismo, política e pedagogia, dominação e resistência. Em mais de vinte ensaios e uma entrevista, a autora mostra que transitar entre o silêncio e a fala é um gesto desafiador que cura, que possibilita uma nova vida e um novo crescimento ao oprimido, ao colonizado, ao explorado e a todos aqueles que permanecem e lutam lado a lado, rumo à libertação.

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Anseios

Para bell hooks, a melhor crítica cultural não considera necessário separar a política do prazer da leitura. Anseios reúne alguns dos primeiros e clássicos textos de crítica cultural publicados pela autora nos anos 1980. Abordando temas como pedagogia, pós-modernismo e política, bell hooks examina uma série de artefatos culturais, dos filmes Faça a coisa certa, de Spike Lee, e Asas do desejo, de Wim Wenders, aos escritos de Zora Neale Hurston e Toni Morrison. O resultado é uma coleção comovente de ensaios que, como toda a obra da autora, dedica-se sobretudo à transformação de estruturas opressoras de dominação.

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Olhares negros: raça e representação

Na coletânea de ensaios críticos reunidos em Olhares negros, bell hooks interroga narrativas e discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude, a subjetividade das pessoas negras e a branquitude. Ela foca no espectador — em especial, no modo como a experiência da negritude e das pessoas negras surge na literatura, na música, na televisão e, sobretudo, no cinema —, e seu objetivo é criar uma intervenção radical na forma como nós falamos de raça e representação. Em suas palavras, "os ensaios de Olhares negros se destinam a desafiar e inquietar, a subverter e serem disruptivos". Como podem atestar os estudantes, pesquisadores, ativistas, intelectuais e todos os outros leitores que se relacionaram com o livro desde sua primeira publicação, em 1992, é exatamente isso o que estes textos conseguem.

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Ensinando pensamento crítico: Sabedoria prática 

Além de resgatar memórias de sua trajetória como estudante durante e após o regime de segregação racial nos Estados Unidos, com passagens por prestigiosas universidades que não costumavam ser frequentadas por pessoas negras, bell hooks resume neste livro muito do que aprendeu durante os trinta anos nos quais exerceu o ofício de professora. São 32 “ensinamentos” para serem aplicados dentro e fora da sala de aula: pequenos artigos sobre pedagogia engajada, descolonização, humor, lágrimas, autoestima, sexo, vida intelectual, espiritualidade e, claro, racismo e feminismo no ambiente de ensino. Assim como em outros livros em que discute o tema da educação, a autora dialoga criticamente com Paulo Freire para construir um panorama da prática da liberdade através da criação de comunidades de aprendizagem marcadas pelo diálogo e por uma relação de igualdade entre professores e estudantes.

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Tudo sobre amor 

O que é o amor, afinal? Será esta uma pergunta tão subjetiva, tão opaca? Para bell hooks, quando pulverizamos seu significado, ficamos cada vez mais distantes de entendê-lo. Neste livro, primeiro volume de sua Trilogia do Amor, a autora procura elucidar o que é, de fato, o amor, seja nas relações familiares, românticas e de amizade ou na vivência religiosa. Na contramão do pensamento corrente, que tantas vezes entende o amor como sinal de fraqueza e irracionalidade, bell hooks defende que o amor é mais do que um sentimento — é uma ação capaz de transformar o niilismo, a ganância e a obsessão pelo poder que dominam nossa cultura. É através da construção de uma ética amorosa que seremos capazes de edificar uma sociedade verdadeiramente igualitária, fundamentada na justiça e no compromisso com o bem-estar coletivo.

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