[RESENHA] ENTRE QUATRO PAREDES, B.A. PARIS.

abril 22, 2019


Li Entre Quatro Paredes e acabei me encantando com o trabalho de B.A Paris. Adorei sua escrita e a forma como foi criando o suspense, mesmo que o desenrolar da trama fique evidente nas primeiras páginas. A discussão sobre violência doméstica - e contra a mulher de forma geral, só demonstrou o quanto muitas mulheres sofrem em silêncio quando não encontram ferramentas para denunciar. É aterrador. 

Sinopse: Grace é a esposa perfeita. Ela abriu mão do emprego para se dedicar ao marido e à casa. Agora prepara jantares maravilhosos, cuida do jardim, costura e pinta quadros fantásticos. Grace mal tem tempo de sentir falta de sua antiga vida. Ela é casada com Jack, o marido perfeito.  Ele é um advogado especializado em casos de mulheres vítimas de violência e nunca perdeu uma ação no tribunal. Rico, charmoso e bonito, todos se perguntavam por que havia demorado tanto a se casar. Os dois formam um casal perfeito. Eles estão sempre juntos. Grace não comparece a um almoço sem que Jack a acompanhe. Também não tem celular, que ela diz ser uma perda de tempo. E seu e-mail é compartilhado com Jack, afinal, os dois não guardam segredos um do outro. Parece ser o casamento perfeito. Mas por que Grace não abre a porta quando a campainha toca e não atende o telefone de casa? E por que há grades na janela do seu quarto?  Às vezes o casamento perfeito é a mentira perfeita.

Grace era uma jovem que possuía uma vida boa com um ótimo emprego, mesmo quando se desdobrava para cuidar de sua irmã Millie, portadora de Síndrome de Down. Eis que durante um passeio no parque, conhece Jack Angel, um brilhante advogado que auxilia vítimas de violência doméstica. Depois de alguns encontros e da aparente preocupação de Jack com ela e sua irmã, acaba por se apaixonar. Pouco tempo depois, Grace desiste de seu emprego e torna-se a dona do lar que Jack parece precisar, o que também parece ser o plano perfeito quando Millie for morar com eles, já que ela poderia dar uma família e conforto para a irmã. Contudo, o conto de fadas se mostra um conto de terror. 

"Percebo, outra vez, o quanto a minha situação é irremediável. Estou ficando desesperada porque ninguém questiona a perfeição absoluta das nossas vidas"

Jack, na verdade, é um sujeito perverso e doentio. Sua mente é surreal de tão assustadora e a forma como manipula, agride e machuca Grace, seja física ou psicologicamente nos deixa a odiar o personagem. Em muitos momentos, desejamos que Grace pudesse fugir ou encontrar alguém para dar fim ao seu martírio. O pior foi perceber que todos ao seu redor nem parecem crer que Jack fosse capaz de atos tão violentos, especialmente por ele se esconder atrás de sua profissão e posição social. A alternância entre passado e presente é bem-vinda, principalmente para organizar a linha tempo que nos ajudará a entender a história de Grace e como ela se encontra atualmente.

É tenso acompanhar o sofrimento dela, principalmente quando pensamos em Millie e no quanto Jack poderá tornar seu papel de agressor ainda maior. A forma como Paris coloca o recorte realista e cruel da vítima de violência doméstica é incrível e responsável, o mesmo que pude perceber ao ler A Outra Sra. Parrish. Tanto Grace quanto Daphne mostram o que estas mulheres aguentam em silêncio. A parte física pode até ser capaz de cicatrizar, mas a psicológica persiste. 

”Eu mal comecei a entender o que Jack sabe desde o início: o medo é o melhor freio de todos.”

Ao chegar no final fiquei um tanto aborrecida, pois pelo desenvolvimento de Jack, temos um cara que dificilmente erra nos atos que comete por sempre estar dois passos a frente de Grace. O ato final parece desmentir esta construção. Não critico o desfecho pelo lado de Grace, pois minha felicidade em vê-la livre foi enorme. O meu problema se tornou na forma como Jack passou de super inteligente para alguém extremamente descuidado. Além disto, me pareceu que a autora correu com parte da história, como se tivesse com as páginas contadas para a produção da história. Mesmo assim, é um livro que recomendo muito. Uma leitura rápida que irá te envolver do começo ao fim.

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Sobre a autora: De ascendência franco-irlandesa, nasceu em 1958 e cresceu na Inglaterra. Foi viver na França, onde trabalhou durante alguns anos num banco internacional, até se formar como professora e fundar uma escola de línguas com o marido. Entre Quatro Paredes é o seu primeiro romance que teve um excelente acolhimento por parte da crítica literária e um retumbante sucesso mundial. Ela vive na França com o marido e as cinco filhas.

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@mariandonoslivros