[RESENHA] SADIE, COURTNEY SUMMERS.

11:10:00


Sabe a sensação de tentar andar de olhos fechados em linha reta durante algum tempo? Foi assim que me senti ao ler este livro. A apreensão do que encontrar a cada página. A certeza de que uma tragédia desencadeada por uma série de motivações seria realizada. A esperança de ter-se uma notícia positiva em meio ao caos. E tudo isto por mérito da escrita viciante e bem estruturada de Courtney Summers. Este livro ficará por muito tempo em minha memória. 

SINOPSE: Uma garota foi brutalmente assassinada. Seu corpo foi encontrado entre um pomar de macieiras e uma escola incendiada nos arredores de Cold Creek, Colorado. Seu nome era Mattie Southern, e ela só tinha treze anos. A pequena Mattie era a única conexão de sua irmã mais velha, Sadie Hunter, com o mundo. Quando elas foram abandonadas pela mãe, que era viciada em álcool e outras drogas, Sadie cuidou da irmãzinha como se nada mais importasse. Agora, tudo o que a garota de dezenove anos quer é fazer justiça com as próprias mãos. E nem mesmo a gagueira que dificulta sua comunicação vai impedi-la de encontrar o paradeiro do assassino. Desde que partiu atrás do abusador que tirou a vida de Mattie, Sadie nunca mais foi vista. O que aconteceu com ela? A única pessoa disposta a encontrar respostas é o jornalista West McCray. Quando a polícia não conseguiu resolver o caso, a avó de consideração das garotas pediu a ajuda dele. O repórter está seguindo o rastro de Sadie e, ao longo de sua investigação, ele produz um podcast. Cada pista descoberta revela uma verdade desoladora. Dividido entre o podcast de West McCray e a narrativa da personagem, Sadie é um thriller que perturbará você até a última página. Afinal, uma garota desaparecida é sempre uma história inacabada.

Em Sadie, acompanhamos dois pontos de vista: o primeiro em forma de podcast (que foi bem interessante de ler) produzido pelo jornalista West McCray, que investiga o caso de Mattie Southern, uma criança de 13 anos que foi encontra morta em uma escola incendiada nos arredores de Cold Creek, Colorado. O segundo é pelo ponto de vista de Sadie Hunter, irmã da pequena Mattie. Assim, conforme a leitura evolui, descobrimos mais sobre a família destas duas meninas e só torcemos para que tudo termine da melhor forma.

O livro trabalha diversos assuntos como a bissexualidade, que aparece de maneira não explícita e delicadamente bem trabalhada, além de abandono familiar, amadurecimento precoce e gagueira. Mas, o crucial (e deixo aqui o aviso de gatilho) é na questão da pedofilia. A forma como o livro nos apresenta esta repugnante realidade é de nos deixar transtornados. Algo que nunca sairá de sua mente tão cedo. Somente no Brasil entre 2011 e 2017, houve um aumento de 83% nas notificações gerais de violências sexuais contra crianças e adolescentes, segundo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. Um dado alarmante e preocupante. 

Sobre Sadie 

A jornada da protagonista é complicada de descrever em palavras. Conforme seguimos seus passos juntamente com o quebra-cabeça que vem aos poucos sendo construído por McCray, ficamos esperando por um final feliz, mesmo que uma parte de nossa mente já saiba que um final trágico também é possível, pois a autora vem dando dicas de que tudo começou de forma a ter somente um desfecho: aquele que define a vida triste de Sadie e sua irmã. Quando as páginas finais se aproximam, fica a percepção do quanto o mundo se transformou em um local perverso e por muitas vezes sem qualquer tipo de salvação. 

Ler livros com um conteúdo tão intenso como Sadie é realmente uma montanha russa de emoções. Você imerge tão profundamente que é difícil não sentir-se ligado a história. O final é agridoce e como diria o ditado popular "8 ou 80": gostei ou não. Particularmente, eu senti que foi um dos final que o livro optou por manter pois nos instiga a questionar o que poderia ter acontecido. É aberto e dá margem para nos revoltarmos com tudo que aconteceu. Nos perguntamos se tudo sairá impune, como diariamente acontece conosco ao ligarmos a TV ou lermos um jornal. 

Com toda a certeza, é o melhor livro que pude ler neste ano. Me arrebatou de uma forma que não consigo explicar. Talvez, visceral seja uma palavra possa descreve-lo tão bem. Somente conheçam a história de Sadie. Ah, um adendo: a autora selecionou alguns trechos pelo Goodreads onde comentou por meio de notas o seu processo de escrita. Confesso que me emocionou, principalmente ao perceber que estive certa quanto a intenção da autora em alguns momentos da narrativa. Segue dois exemplos que fiquei muito sensível ao ler por serem parte da história de Sadie: 

TRECHO DO LIVRO: 
"As pessoas não mudam. Eles apenas ficam melhores em esconder quem realmente são".
COMENTÁRIO DA AUTORA: 
"Concordar ou discordar? Esse é o tipo de afirmação que nem sempre está errada e nem sempre está certa, mas sempre, sempre, revela muito sobre a pessoa que está dizendo isso".

TRECHO DO LIVRO:
"Você não pode comprar pessoas com sua dor. Elas só vão querer ficar longe disso".
COMENTÁRIO DA AUTORA:
"Essa é uma das coisas mais comoventes que Sadie compartilha com os leitores. O mundo se afasta de sua dor repetidas vezes, a ponto de não poder pedir ajuda a ninguém apenas por precisar - ela sabe que precisa dar a eles algo por isso. :("

PARA COMPLEMENTAR:

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LEIAM SADIE.

SOBRE A AUTORA: Courtney Summers nasceu em Belleville, uma província de Ontário (Canadá). Quando tinha quatorze anos, abandonou o ensino médio. Aos dezoito, escreveu seu primeiro romance – que foi publicado quatro anos depois. Em 2016, foi nomeada pela Flare Magazine, uma das 60 personalidades de destaque antes dos 30 anos. Autora de livros aclamados pela crítica, Courtney conseguiu com Sadie seu primeiro best-seller.

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