[RESENHA] OFF-LINE, GLEICE COUTO.
janeiro 22, 2020
Livros que falam de amizade são um dos meus favoritos. Em Off-line, Gleice Couto consegue nos fisgar com uma história verdadeira e atemporal, que faz uma retratação muito particular e especial sobre o conceito de família e o quanto um passado mal solucionado pode acarretar em muitos problemas para o presente.
SINOPSE: Tudo estava dando tão certo para Teodoro, que ele até desconfiava. Não é todo garoto de 16 anos que namora a garota mais popular do colégio, se dá bem com a mãe e tira boas notas. Louco pelos anos 1980, ele ainda arranjava tempo para ter um canal de vídeos na internet. Téo acreditava que, a qualquer momento, seria surpreendido por um meteoro que exterminaria toda a população da Terra, exclusivamente por causa da felicidade dele... E isso meio que aconteceu quando flagrou a namorada com outro cara. Sem chão, ele lidou com a situação do único jeito que sabia: ligou a câmera e desabafou para os 42 inscritos do canal. O problema é que o vídeo viralizou, e, em pouco tempo, Téo virou top trend nas redes sociais e até apareceu na TV. A vida dele se tornou um inferno, principalmente no colégio. Para piorar, a cada 5 minutos, ele conferia as visualizações do seu catastrófico vídeo, afundando-se em autopiedade. Téo precisava focar em outras coisas. Como as férias de final de ano estavam se aproximando, Valentina, sua melhor amiga, bolou um plano perfeito para isso: ficarem off-line. Para ocuparem o tempo que teriam fora da internet, eles deveriam cumprir uma lista de tarefas incomuns. De quebra, algumas delas também ajudariam Val a lidar com as crises de ansiedade que ela já tratava em terapia. Essa promessa de férias inusitadas esbarrará em alguns obstáculos. Em nome da amizade e buscando respostas para as perguntas que nunca fez, Teodoro vai enfrentar o desafio de se (re)conhecer. Ele perceberá que desconectar-se vai muito além de ficar off-line. (Aviso de conteúdo sensível: ansiedade e sintomas fóbicos).
O livro é contado sob a perspectiva de vista de Teodoro, ou Téo, que ao flagrar sua namorada Bia aos beijos com outro garoto, posta um vídeo em que expõe seus sentimentos de tristeza e acaba por viralizar, o fazendo ser a nova “celebridade” da internet. Assim, além de precisar lidar com o término deste relacionamento, a repercussão do vídeo, seus anseios particulares e seu vício por manter-se na vida virtual, é surpreendido com a notícia da vinda de sua avó, alguém com quem não nunca teve qualquer tipo de contato. Para ajudá-lo a lidar com tudo isto, sua melhor amiga (e a melhor personagem do livro) Valentina, cria uma lista que eles precisam cumprir durante as férias, mas com apenas uma exceção: não manter contato online. Assim, o livro segue rumo às aventuras destes dois que no final das contas, será cheia de lições para a vida.
A escrita de Gleice é muito gostosa de acompanhar, tanto que li a obra em poucas horas. O ritmo nunca é quebrado e sempre surgem novas novidades, além de cenas que nos fazem refletir e questionar nossos próprios costumes e ideias. Do seu começo ao fim, o misto de emoções que sentimos é surpreendente, e mesmo para uma leitura que considero leve, nos traz a sensação “montanha-russa” e que promete continuar conosco por muito tempo.
Os personagens são muito bem construídos, a começar com Teodoro, que mostra sua insegurança e imaturidade para lidar com situações que irão demandar mais dele, como na falta de comunicação com sua ex-namorada, mãe, avó e Valentina. Em dados momentos, chega a ser cansativo acompanhá-lo, confesso, mas como conseguimos saber de seus pensamentos, sua jornada de autodescobertas se torna interessante. Ficamos ansiando pelo momento em que ele irá abrir os olhos para a realidade em que vive.
Preciso dizer que li poucos livros em que verdadeiramente vi uma retratação tão respeitosa e crível sobre ansiedade e a forma como ela afeta de modo tão imprevisível a vida de alguém. No caso deste livro isto ocorre com a personagem Valentina, que em certa cena sofre um episódio grave que foi escrito com tanto comprometimento e pesquisa que eu só sabia chorar por me identificar e agradecer pela visão da autora em tratar deste assunto com informação e consideração. Gleice, obrigada por isto.
A questão da família foi a cereja do bolo. A delicadeza com que a autora abordou determinados temas foi muito bacana, principalmente por ter valorizado seus personagens secundários, como a avó e mãe de Téo, que trazem histórias fortes com assuntos importantes como a profissão do jornalista e a sociedade brasileira durante a Ditadura Militar, junto das marcas profundas que deixou naqueles que lutaram bravamente contra ela e resistiram a suas investidas bárbaras.
O livro termina com aquele sentimento de que sempre devemos tentar, ao máximo, sermos abertos com aqueles à nossa volta, especialmente quem amamos. Somos humanos e propensos a erros que devem ser aprendidos e usados para nossa evolução. Claro, valorize sua família e seus amigos. Ter uma base de apoio e amor sólidos em tempos tão difíceis e que coloca em prova nossa integridade física e mental é muito importante.
Priorize o seu bem-estar. Teodoro aprendeu de forma dolorosa que é importante para si mesmo. Não se prenda ao passado e nem deixe seus medos te impedirem de alcançar seus objetivos. E sempre vale lembrar: faça terapia por si mesmo. No mais, leiam Off-line e se deixem ficar encantados e apaixonados por esta obra nacional de qualidade e que já considero uma das minhas prediletas.
A escrita de Gleice é muito gostosa de acompanhar, tanto que li a obra em poucas horas. O ritmo nunca é quebrado e sempre surgem novas novidades, além de cenas que nos fazem refletir e questionar nossos próprios costumes e ideias. Do seu começo ao fim, o misto de emoções que sentimos é surpreendente, e mesmo para uma leitura que considero leve, nos traz a sensação “montanha-russa” e que promete continuar conosco por muito tempo.
Os personagens são muito bem construídos, a começar com Teodoro, que mostra sua insegurança e imaturidade para lidar com situações que irão demandar mais dele, como na falta de comunicação com sua ex-namorada, mãe, avó e Valentina. Em dados momentos, chega a ser cansativo acompanhá-lo, confesso, mas como conseguimos saber de seus pensamentos, sua jornada de autodescobertas se torna interessante. Ficamos ansiando pelo momento em que ele irá abrir os olhos para a realidade em que vive.
Preciso dizer que li poucos livros em que verdadeiramente vi uma retratação tão respeitosa e crível sobre ansiedade e a forma como ela afeta de modo tão imprevisível a vida de alguém. No caso deste livro isto ocorre com a personagem Valentina, que em certa cena sofre um episódio grave que foi escrito com tanto comprometimento e pesquisa que eu só sabia chorar por me identificar e agradecer pela visão da autora em tratar deste assunto com informação e consideração. Gleice, obrigada por isto.
A questão da família foi a cereja do bolo. A delicadeza com que a autora abordou determinados temas foi muito bacana, principalmente por ter valorizado seus personagens secundários, como a avó e mãe de Téo, que trazem histórias fortes com assuntos importantes como a profissão do jornalista e a sociedade brasileira durante a Ditadura Militar, junto das marcas profundas que deixou naqueles que lutaram bravamente contra ela e resistiram a suas investidas bárbaras.
O livro termina com aquele sentimento de que sempre devemos tentar, ao máximo, sermos abertos com aqueles à nossa volta, especialmente quem amamos. Somos humanos e propensos a erros que devem ser aprendidos e usados para nossa evolução. Claro, valorize sua família e seus amigos. Ter uma base de apoio e amor sólidos em tempos tão difíceis e que coloca em prova nossa integridade física e mental é muito importante.
Priorize o seu bem-estar. Teodoro aprendeu de forma dolorosa que é importante para si mesmo. Não se prenda ao passado e nem deixe seus medos te impedirem de alcançar seus objetivos. E sempre vale lembrar: faça terapia por si mesmo. No mais, leiam Off-line e se deixem ficar encantados e apaixonados por esta obra nacional de qualidade e que já considero uma das minhas prediletas.
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SOBRE A AUTORA: Gleice Couto é carioca e... louca por livros! Escreve para o público jovem e já publicou, de modo independente, o young adult contemporâneo Off-line, a novela Pra Sempre Natal (fantasia urbana), a fantasia juvenil Picta Mundi, os contos Onde Encontrei Meu Lar (young adult, em parceria com Victor Almeida) e Antes do Agora (new adult). Jornalista, especializada em Revisão de Texto, atua na área editorial como revisora de texto e avaliadora de manuscrito há um tempão. Quando não está lendo ou escrevendo, estuda coreano, escuta k-pop e assiste a doramas.
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