[RESENHA] TETO PARA DOIS, BETH O'LEARY.

setembro 01, 2020

Ao ler a sinopse deste livro, fiquei um tanto curiosa com a perspectiva de duas pessoas desconhecidas dormindo numa mesma cama. Qual não foi minha surpresa ao me deparar com uma história envolvente, personagens ótimos e um casal pra lá de fofo. Adorei a leitura desta obra, em especial pela maneira como a autora abordou o relacionamento tóxico e o cotidiano de um profissional da saúde da área de oncologia. Valeu cada minutinho do meu dia! 

SINOPSE: Eles dividem um apartamento com uma cama só. Ele dorme de dia, ela, à noite. Os dois nunca se encontraram, mas estão prestes a descobrir que, para se sentir em casa, às vezes é preciso jogar as regras pela janela. Três meses após o término do seu relacionamento, Tiffy finalmente sai do apartamento do ex-namorado. Agora ela precisa para ontem de um lugar barato para morar. Contrariando os amigos, ela topa um acordo bastante inusitado. Leon está enrolado com questões financeiras e tem uma ideia pouco convencional para arranjar dinheiro rápido: sublocar seu apartamento, onde fica apenas no período da manhã e da tarde nos dias úteis, já que passa os finais de semana com a namorada e trabalha como enfermeiro no turno da noite. Só que tem um detalhe importante: o lugar tem apenas uma cama. Sem nunca terem se encontrado pessoalmente, Leon e Tiffy fecham um contrato de seis meses e passam a resolver as trivialidades do dia a dia por Post-its espalhados pela casa. Mas será que essa solução aparentemente perfeita resiste a um ex-namorado obsessivo, uma namorada ciumenta, um irmão encrencado, dois empregos exigentes e alguns amigos superprotetores?

Tiffy e Leon são personagens que possuem personalidade e história pessoal que podem ser apreciadas quando juntos e separadamente. Por parte de Tiffy, temos uma jovem que acaba de terminar uma relação longa e conturbada. Ela precisa de um local para ficar, pois estava morando com seu ex-namorado. Como tem pouco dinheiro e pressa em se mudar, resolve recorrer ao anúncio maluco de um cara chamado Leon: dividir um apartamento com apenas uma cama. Assim, ela embarca nesta situação inusitada e um tanto assustadora. Felizmente, ela conta com a ajuda e companheirismo de seus amigos, especialmente Mo e Gerty, que sempre estão de braços abertos para ajudá-la, seja qual for a ocasião. 

Leon, um dos protagonistas mais adoráveis que já conheci, é um enfermeiro na área de oncologia, que trabalha com uma alta carga horária. Introvertido, porém muito dedicado e íntegro, busca dividir seu tempo entre o trabalho, namoro e juntar dinheiro para pagar um advogado a seu irmão, Richie (divertidíssimo), que foi preso injustamente. Assim, para conseguir tirá-lo da cadeia, encontra como solução o aluguel de seu apartamento e sua cama. E a partir daqui, a história se desenrola. 

É muito interessante acompanhar a dinâmica entre Leon e Tiffy, que se comunicam por meio de cartinhas ou post-its deixados em diversos cômodos do apartamento. Existem alguns momentos em que quase se encontram, mas sempre acontece algum empecilho para atrapalhar. As soluções encontradas pela autora ao lidar com a situação da divisão de uma mesma cama foram muito assertivas. Os sentimentos do casal vão evoluindo de maneira gradativa, especialmente quando Tiffy começa a entender como seu antigo relacionamento era tóxico, nos mostrando como um trigger warning (gatilho) pode ocorrer, enquanto Leon assimila o desgaste e os desencontros de sua relação com Kay, que ao meu ver trouxe dois assuntos importantes: responsabilidade afetiva e gordofobia (em certo comentário infeliz por parte dela).

Também gostei da personalidade de ambos, que apesar de completamente diferentes, acabam por se complementar. Tiffy pinta seu mundo em aquarelas fortes e cheia de luz, mesmo com uma nuvem negra pairando sobre sua cabeça (vulgo Justin, seu ex-namorado). Já Leon, que se mostra quase um ser taciturno, vai nos conquistando aos poucos, por isso entendo que muitos leitores o tenha achando enfadonho. Percebo que ele foi desabrochando com o passar dos meses em que conhece Tiffy e começa a ter uma relação de autoanálise. 

Os personagens secundários são um show à parte, como os já citados Mo e Gerty, além de Katherin,  Rachel, dra. Patel e Holly. Cada um deles tem sua importância em nos guiar na mente e coração dos protagonistas. O meu favorito é Richie, que nos apresenta uma história interessante de acompanhar, além de possuir os melhores diálogos e aparições de todo o livro (na minha humilde opinião). Falando nele, como uma pessoa que sempre se apaixona pelos coadjuvantes, achei que seria muito bacana vê-lo com a Gerty no final, apesar de gostar do par romântico oficial dela (sem spoiler!). 

Se você quer uma leitura gostosa, um tanto rápida e com um toque de drama e reflexão, este livro é para você. Teto para dois, nos mostra que o amor pode estar mais próximo do que imaginamos, só basta nos amarmos em primeiro lugar, ter nossos olhos (bem) abertos e coração livre. 
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SOBRE A AUTORA: estudou inglês na universidade antes de começar a trabalhar com publicações infantis. Ela vive o mais perto possível do campo, sem se afastar muito de Londres, e escreveu Teto para dois durante as viagens de trem para o trabalho. Ela agora se dedica em tempo integral à escrita e, se não estiver trabalhando, você a encontrará em algum lugar com um livro, uma xícara de chá e vários casaquinhos de lã (qualquer que seja o tempo).


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