[RESENHA] Diário de uma garota normal, Phoebe Gloecker.

outubro 09, 2017


Olá galera, tudo bem? Hoje eu trouxe uma resenha que fiz durante a noite. Ontem terminei de ler O diário de uma garota normal e soube que precisava compartilhar com vocês esta leitura. A obra pode dividir opiniões, portanto é importante dizer que aqui será impressa a minha opinião que pode ser diferente de muitas outras, o que torna tudo mais bacana.

SINOPSE DA HQ: Minnie é uma garota de 15 anos que registra num diário tudo o que sente e acontece em sua vida.Seu relato é incomum apenas porque ela conta tudo. Não há aqui a sutileza das histórias para meninas, quase sempre romantizadas para parecerem mais leves. A descoberta da sexualidade, o interesse pelos garotos, as novas amizades, tudo é contado de forma tão natural que acaba por revelar como o mundo adulto é cáustico, doloroso e cruel, se visto pelos olhos de uma adolescente que está prestes a entrar nele.

Depois do sucesso de O Diário de um Banana, o mercado literário se encheu com inúmeros livros em forma de diário. Particularmente eu adoro, já que me sinto ainda mais ligada aos personagens e seus pensamentos. Mas, quando temos um livro que vai muito além de clichês e se aventura a navegar em águas sombrias, eu realmente me sinto "obrigada" a ler. Minnie é uma adolescente que se sente como qualquer outra: tem seus medos, aflições e dúvidas sobre tudo o que está a sua volta. É nesta fase que começamos a nos descobrir, perceber gostos, fazer escolhas (boas ou ruins) e saber lidar com suas consequências. Nossa protagonista acaba se envolvendo com um homem mais velho. Mas, infelizmente, não um homem qualquer e sim o namorados de sua mãe.

É a partir deste ponto que a historia se desenvolve. Começamos a perceber que a sua vida não é nada perfeita como aparenta. Sua família é ausente. A relação entre sua mãe e irmã, figuras próximas a ela, é de distanciamento, já que a primeira é separada do pai de Minnie e segue tendo vários relacionamentos, consequentemente trazendo-os para dentro de sua casa. Um deles chama-se Monroe, que se aproveitando da inocência e carência de Minnie e a envolve em um relacionamento doentio. O consumo de drogas, abusos (como a pedofilia) e a falta de afeto são alguns dos temas polêmicos abordados. O livro é emocionalmente forte, sempre nos fazendo ter reflexões sobre os assuntos e a sairmos de nossa zona de conforto. Você lê e já sente uma opinião ser formada, além de se sentir incomodada e tristemente enojada com o que a nossa protagonista enfrenta diariamente. Em alguns momentos do livro é realmente difícil prosseguir com a leitura pela forma como alguns fatos são apresentados. 

“Quanto a mim, bom, eu não sou, particularmente, atraente. Acho que foi a minha juventude ou talvez tenha algo a ver com minha mãe. Ele transou comigo três vezes já e eu sinto como se estivesse se aproveitando de mim porque sei que ele só gosta dela...” (p. 21).

O livro é pesado? Sim. Mas é interessantíssimo e ouso dizer importante para todos. Mães, pais e filhos. É uma realidade que atinge a nossa sociedade sem ao menos nos darmos conta. O que Minnie passa é um retrato cruel do pior lado do ser humano. Segundo a própria autora, a historia é um relato de sua experiência. Sim! Minnie é a Phoebe. 

Apesar das abordagens realizadas, a escrita é simples e leve. As gravuras e quadrinhos deixam a obra com mais cara de diário. Sabe aquele ditado "entendeu ou quer eu desenhe?", serve aqui como uma luva. Tudo são de autoria da própria Phoebe, o que mostra o quão talentosa, ousada, corajosa e incrível ela é. Um relato humano sobre a vida de uma pessoa que se perdeu, mas nunca desistiu da busca pelo caminho certo. É simplesmente devastador ler e acompanhar a sua trajetória. Mas no final se torna uma caminhada árdua e cheia de aprendizados. Uma leitura que não pode passar despercebido em nenhuma circunstância. 

Algumas pessoas o compararam a livros como "Lolita" ou "O Apanhador No Campo de Centeio". Eu acredito que cada obra abordou o tema de acordo com a perspectiva de cada autor e todas elas são únicas a sua maneira. Comparar e julgá-las não as tornará menores/maiores ou melhores/piores. O que realmente importa é como elas serão vistas e eventualmente conseguirão nos fazer pensar/refletir sobre assuntos que podem nos ser difíceis de encarar, mas que são nossa realidade. Um trecho de uma entrevista em que a autora fala sobre a representação da mulher na literatura: 

“Em geral, elas recebem papéis limitados. Podem representar a virgem, apresentada como uma conquista em potencial, ou como uma prostituta, que foi ‘usada’ por outros homens, e é ultrajada ou vista como ‘um brinquedo de graça’”, diz. “Mulheres jovens têm sentimentos sexuais e curiosidade sexual tanto quanto os jovens. Entretanto, suas motivações e esperanças nem sempre se equivalem, e essas diferenças são causadoras do drama dos relacionamentos.”

DICA


Temos o filme sobre o livro. Com o mesmo nome, o filme nos traz Bel Powley como Minnie, a  protagonista. Kristen Wiig interpreta a mãe, e Alexander Skarsgård como Monroe. Neste link tem algumas curiosidades super bacanas sobre ele.


A Faro Editora disponibilizou um pdf com algumas partes do livro. Para acessar, clique neste link.



SOBRE A AUTORA

Phoebe Gloeckner nasceu na Philadelphia e cresceu em San Francisco. Seus quadrinhos apareceram pela primeira vez em publicações underground quando ela era ainda adolescente. Hoje, é aclamada pela critica por sua coleção de historias, quadrinhos, pinturas e gravuras.


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