[RESENHA] 13 segundos, Bel Rodrigues.
agosto 03, 2018
“Mulheres são como águas, crescem quando se juntam”
Desde quando a Bel anunciou que iria lançar o seu livro, fiquei em estado de atenção. Adoro a maneira como ela aborda os livros que lê e gosta no Youtube, pois ela cria um debate importante, além de trazer novas informações. 13 segundos é o seu livro de estreia, lançado pela Galera Record. Uma leitura fácil, mas que aborda assuntos importantes, sendo que alguns podem conter gatilhos. Prepare-se para se envolver e entrar em um tornado de emoções.
SINOPSE: O fim de um relacionamento é sempre um período difícil, mas isso se intensifica quando você está no último ano do colegial e precisa decidir o que será do seu futuro. Lola sabe que a decisão foi o melhor para os dois, mas aquela saudade de alguém que estava sempre presente é inevitável. Agora, tudo que Lola quer é deixar isso para trás e focar em pôr a vida em ordem novamente, se redescobrindo após um relacionamento que exigiu tanto dela e reavaliando suas prioridades: estudo, amigos, família e o canto, sua maior paixão. Com o corte do coral das atividades extras, a garota finalmente decide ouvir seus amigos e resolve criar um canal no YouTube para postar alguns covers, nada mais do que um hobby para substituir seu tão amado coral. Focada em não se relacionar seriamente e aproveitar as festas do último ano, tudo parece se alinhar quando Lola conhece John, um intercambista que busca exatamente o mesmo que ela: se divertir e criar memórias inesquecíveis. Quanto mais as coisas mudam, mais a garota percebe como perdera seu tempo tentando salvar um relacionamento que já estava naufragado, e como agora ela se sentia genuinamente feliz com as pessoas incríveis à volta e seu grande hobby se tornando cada vez mais influente. Entre conselhos sinceros, noites quentes e provas do Ensino Médio, a única coisa que Lola não poderia prever era o quão rápido tudo poderia desmoronar. Em treze segundos, especificamente.
13 segundos foi um livro muito aguardado. Ainda mais depois de assistir ao unboxing da Bel e vendo os seus olhos brilhando de orgulho e realização. Assim que a Saraiva anunciou a venda, fui correndo até a loja perto do trabalho e comprei. E assim, durante três dias, ele se tornou minha companhia (principalmente entro do ônibus/metrô). O livro nos apresenta a vida de Lola, uma garota comum (como eu e você) que está terminando o ensino médio. Ela vive uma vida particularmente muito boa. Rodeada de ótimos amigos, ela tenta superar o termino de um relacionamento que a consumiu. E quando digo isto, é porque ela estava dentro de uma relação abusiva sem compreender. Leo, o namorado, é o epítome exemplar do tipo de namorado controlador, opressor e tóxico. Percebemos este triste quebra-cabeça por meio de Lola e seus amigos. L ainda nutre um sentimento de carinho por ele, ainda mais por ele ter sido seu primeiro amor. Porém, o leitor sente o incômodo quando ela começa a tentar buscar justificativas para o término, como se ela fosse a total culpada por ele. É arrasador sentir a dor de Lola em alguns momentos.
Uma das coisas que amei neste livro e em UMDFF é a forma como a amizade é representada. Amigos são essenciais em nossa vida. Eles trazem uma força e um frescor único. São aquele braço estendido nos momentos ruins e aquela risada gostosa nos momentos bons. Ariel, Anna, Bruno e Vinícius são importantíssimos para o desenrolar da trama. Cada um traz características próprias. Suas personalidades trazem o melhor e o pior de nossa protagonista. Isto é algo bom, pois a humanizou a tal ponto de nos causar empatia e assim ajudar a entendermos como ela se sente/pensa. Contudo, em alguns momentos achei alguns diálogos bem rasos. Como se estivessem ali aleatoriamente, sem algum propósito.
Assuntos como sororidade, sexualidade, relação familiar e autoconhecimento são abordado de maneira consciente e muito bem colocados. O que casava com as músicas que iniciavam os capítulos e com o ritmo da narrativa. A personagem Ariel se tornou uma das minhas favoritas em muitos momentos, até mais que a protagonista.
Outra coisa que achei bacana foi a forma como a Bel abordou o universo daqueles que querem utilizar as plataformas digitais para divulgar seus trabalhos. O coral no qual Lola faz parte termina por motivos financeiros. Então, impulsionada por aqueles seus amigos, ela cria um canal no Youtube para divulgar seus covers. Consegui perceber certo desabafo da Bel, que assim como a Lola, é muito conhecida por seus vídeos. As criticas ora são positivas, ora negativas. Entretanto, ainda tem o fator xingamentos livres de pessoas que parecem sentir prazer em maltratar umas as outras. A forma como Lola lida é inspirador.
Pontos necessários a se falar
Como já dito, este é o primeiro livro da Bel. Eu o adorei. Primeiro por acontecer aqui no Brasil e segundo por trazer ao YA um lado mais fresco e verdadeiro. Este ano me dei maior liberdade para explorar os livros nacionais e me surpreendi com a quantidade de histórias maravilhosas. 13 segundos é uma ótima escolha para se adentrar neste universo jovem brasileiro. Ele te fará sorrir, chorar, aprender e principalmente refletir. Espero que possa ser uma boa experiência.
Sobre o revenge porn
O livro poderia ter sido 5/5 se não fosse pelo final. Eu acredito que a Bel poderia ter desenvolvido melhor. O revenge porn é um crime gravíssimo e pouco discutido e visibilizado em nosso país. Poderia ter havido maior concentração de explicações a seu respeito ou maior desenvolvido e aprofundamento na forma como Lola e todos a sua volta (em especial os amigos) lidam com as consequências dos atos do agressor. Mas, ele está longe de ser incoerente. Aliás, ele consegue fazer um fechamento para a história. Abaixo, segue alguns links para quem quiser saber:
Quando o autor tem visibilidade e principalmente a oportunidade de tratar sobre temas assim, acredito que seja viável ter maior abertura para expô-los, mas sempre lembrando da didática e do respeito. E neste caso, o público do livro somado à quantidade de pessoas que já estavam a espera de seu lançamento, dava tal direito. Porém, ficamos apenas com o apresentado. Por isso, fiquei desapontada. Mas também gostaria de agradecer a Bel pela coragem em abordar o tema, ainda mais em seu primeiro livro. Sei que muitas mulheres que passaram por tal situação poderão se ver na Lola.
IMPORTANTE: O projeto de lei 5.555/2013, atualmente PL18/2017, pretende viabilizar a punição em área de difícil regulação: a internet. O uso da rede para a prática delitiva e as dificuldades em tipificar tais condutas já geram controvérsia no direito penal. Inclusive, já temos um grande ganho: a Lei Carolina Dieckmann, que tem por objetivo punir a invasão de dispositivo informático e condutas análogas. O agressor além de pagar multa, recebe uma detenção de 3 meses a 1 ano.
“O apoio e acolhimento de familiares e amigos são fundamentais para a superação dessa fase e das inseguranças que por ela são geradas. Outro fator fundamental é a psicoterapia, pois ela poderá fornecer para a vítima as ferramentas necessárias para a superação desse momento através do desenvolvimento do autoconhecimento, autoestima e ressignificação de determinadas experiências".
- Tamirys Oliveira de Mattos, psicóloga.
Espero que vocês possam apreciar a leitura! É um livro muito bom. Bel, mais uma vez obrigada por compartilhar conosco a sua história. Já quero ler seus próximos livro.
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SOBRE A AUTORA: Bel Rodrigues é uma catarinense nascida em 1994. Graduada em Comunicação Social e pós-graduanda em Criminologia, resolveu criar um canal no Youtube para compartilhar seus gostos por livros, mas jamais imaginava ter milhares de seguidores. Amante de dias chuvosos e jogos online, ela ainda se emociona ao responder que também é escritora.
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