[RESENHA] Os noivos do inverno, Christelle Dabos.

agosto 07, 2018


Olá galera, tudo bem? Hoje trago a resenha do livro Os Noivos do Inverno que veio na minha primeira malinha do Turista Literário. Foi uma grande surpresa, pois o conheci na FLIPOP, no estande da Editora Morro Branco. Confesso que fiquei muito interessada. E agora, felizmente, tive a felicidade de lê-lo. Não é um livro fácil e os seus personagens podem causar certo receio, mas apenas digo: este é dos melhores livros de fantasia que já li.

SINOPSE: Vencedor do Grand Prix de l’Imaginaire. Honesta e cabeça-dura, Ophélie não se importa com as aparências. Mas, por baixo de seus óculos de aros largos e cachecol desgastado, a garota esconde poderes únicos: ela pode ler o passado dos objetos e atravessar espelhos. A vida tranquila que leva em Anima se transforma quando Ophélie é prometida em casamento à Thorn, herdeiro de um distante e poderoso clã. Agora, ela terá que deixar para trás tudo o que conhece e seguir seu noivo até Cidade Celeste, a capital flutuante de uma gelada arca conhecida como Polo. Ali, o perigo espreita em cada esquina, e não se pode confiar em ninguém. Sem se dar conta, Ophélie torna-se um peão em um jogo político mortal, capaz de mudar tudo para sempre.

Eu sou uma grande fã do cinema francês. Sempre me interessei por sua literatura, ainda mais após a leitura de Madame Bovary, romance de Gustave Flaubert. Ao começar a leitura de Os Noivos, acabei ficando com certo tédio. Então, conversando com uma amiga (também do TL) ela me disse que os franceses tem um jeito próprio de escrita. Curiosa que sou, me adentrei em algumas pesquisas. Na década de 50, o movimento Nouveau Roman divergiu gêneros literários clássicos. Inclusive, abriu portas para muitos autores. Porém, com o avanço da popularidade da literatura norte-americana, acabou- se perdendo o hábito de conhecer mais sobre estes livros que ainda hoje, fazem muito sucesso na Europa.

Realmente sabemos o quanto os EUA e alguns países europeus exportam muitos autores/livros famosos. Então, eis que surge esta trilogia que muitos dizem ser o novo Harry Potter. Por mais que eu ame HP desde os meus nove anos, não é justo fazer tal comparação. Os Noivos é algo mais intenso e profundo, mesmo com toda a questão do mundo mágico. Não é algo que eu recomendaria para uma criança, ao contrário dos livros de J.K Rowling. Mas bora saber mais sobre este livro. 

A nossa protagonista é Ophélie, uma jovem que vive em Anima, a sua única casa. Junto de seu tio-avô, ajuda a cuidar de um museu, onde utiliza o seu grande poder como leitora, sendo capaz de descobrir o passado dos objetos com o simples toque de suas mãos. Por isso, vive sempre com uma luva (meio Vampira X-Men, saca?). Ela também pode ultrapassar espelhos (onde ganha o nome de passa-espelhos, que leva o nome da série de livros). Sua vida é monótona, pelo menos no começo do livro, parecendo ter uma única finalidade. Até que sua mãe arranja um casamento para ela. Então a vida de Ophélie muda drasticamente.

"Dados eram aleatórios, cheios de surpresas; eles não eram inevitavelmente decepcionantes como seres humanos."

Esta personagem é incrível. Aquele tipo de protagonista que você se encontra sendo projetada em muitos momentos. Apesar disto, também pode causar certo receio. O seu jeito observador e retraído, diz muito sobre si mesma. A forma como encara o mundo e como faz os seus questionamentos sobre sua nova vida é uma das melhores partes do livro. Além de ser uma delícia acompanhar o seu crescimento ao longo da história. A narrativa em 3° pessoa consegue imergir o leitor neste universo único. A cada descrição feita, um novo quadro se forma em nossas mentes.


O noivo de Ophélie é uma incógnita. Thorn pertence a um clã poderoso e possui um cargo alto e respeitado. Mas, nada disto parece realmente importar para ele. Na verdade, fica difícil sabermos os reais sentimentos deste personagem tão denso e cheio de camadas. O que achei diferente e ao mesmo tempo frustrante, pois criamos mil teorias sobre ele, principalmente sobre seu relacionamento com a tia, o mundo em que se encontra e Ophélie. Talvez ele venha o melhor personagem da série, em minha opinião. Por nos instigar a pensar. Ainda não sei! 

“De todas as arcas, o Polo é a que tem a pior reputação. Eles tem poderes que destroem cabeças! Nem é uma família de verdade, são matilhas que se destroem entre si! ”

Os personagens secundários trazem consigo a responsabilidade de fazer com que o leitor se aproxime ainda mais deste complexo criado por Dabos. E conseguem fazer isso com muito êxito, o que é de extrema importância, já que assim conseguimos visualizar e perceber como tais arcas e suas relações hierárquicas e familiares funcionam. É neste ponto que a autora usa de forma sucinta e muito bem escrita a violência e aborda assuntos como saúde mental e solidão.

A criação de mundo é algo surreal e impecável, sendo uma das melhores coisas que já li em muito tempo. Tanto Anima quanto o Polo trazem características tão próprias que você chega a conclusão que ambos têm vida própria, como se estivessem vivos sob os pés de seus habitantes. Dabos nos afundou em suas palavras e nos deixa a deriva de tanta admiração. Em meio a tramas políticos, uma aventura de autodescobrimento, personagens esotéricos e uma história densa e surpreendente a obra Os Noivos do Inverno, com toda a certeza, é um dos melhores livros publicados e traduzidos no Brasil. Obrigada Editora Morro Branco. Se você leu e gostaria de conversar mais sobre ele, me visite no twitter. Vai ser uma honra.

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EDITORA

SOBRE A AUTORA: Christelle Dabos nasceu na França, em 1980, e cresceu em uma casa repleta de música clássica e enigmas históricos. Mais imaginativa que racional, começou a rabiscar seus primeiros textos dos bancos da faculdade. Mudou-se para a Bélgica, onde começou a trabalhar como bibliotecária, e a escrita se tornou uma válvula de escape quando adoeceu. Durante esse período, Christelle começou a se engajar na Silver Plume, uma comunidade de autores na internet. E graças ao encorajamento deles, ela decidiu aceitar seu primeiro desafio literário: inscrever-se no Concours du Premier Roman Jeunesse. Na primavera de 2012, a Gallimard Jeunesse, a RTL e a Telérama lançaram um concurso aberto a todos aqueles que sonhavam em se tornar escritores para o público jovem. Dentre os 1.362 textos recebidos, um júri composto por editores, autores, jornalistas, livreiros e leitores, selecionou o grande ganhador. Este é o livro que você tem em mãos hoje.

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