[RESENHA] Você tem a vida inteira, Lucas Rocha.

agosto 09, 2018



"O primeiro passo é admitir para você mesmo que, não importa qual seja o resultado, a vida continua".

Olá galera, tudo bem? A resenha de hoje é do primeiro livro que comprei na Bienal 2018. Eu preciso contar a história porque é meio engraçada. Eu entrei no estante da Galera Record para ver os preços dos livros de Star Wars. Então me deparo com Você tem a vida inteira, que já estava de olho desde a FLIPOP. Fui xeretar o livro e "curiar" a capa. Até que me deparo com uma pessoa idêntica ao autor ao meu lado... e qual não foi minha surpresa ao ver o próprio Lucas Rocha. Óbvio que comprei e ainda ganhei autógrafo e um abraço bem apertado. Obrigada por todo o carinho Lucas. Mas bora saber deste livro que com toda a certeza do mundo é um dos melhores do ano: 

SINOPSE: As vidas de Ian, Victor e Henrique se encontram de uma forma inesperada. Ian conhece Victor no dia em que recebe o resultado de seu teste rápido de HIV. Os dois são universitários. Victor está envolvido com Henrique. Ian está solteiro. Os três são gays. Dois deles têm a vida atingida pela notícia de um diagnóstico positivo para o HIV. Um não tem o vírus. Um está indetectável. Dois estão apaixonados. Henrique é mais velho e, depois de Victor, pensou que poderia acreditar de novo em alguém. Victor tem medo do que o amor possa trazer para sua vida. Ian sequer sabe se será capaz de amar. Os três são, ao mesmo tempo, heróis e vilões em uma história que não é sobre culpa, mas sim sobre amor, amigos e sobre como podemos formar nossas próprias famílias.

Ao começar a leitura de Você tem a vida inteira senti que seria intenso. Mas não imaginava o tamanho de sua importância e do talento, respeito e consideração do Lucas para com toda a sua estrutura narrativa. Já peço desculpas desde o início, mas não conseguirei colocar em palavras o quanto este livro é precioso. Temos três personagens (que serão nossos pontos de vista): Henrique, que já convive com o HIV; Ian, que acaba por descobrir ser portador e Victor, que ao fazer os exames constatou que deu negativo. Os três são gays e já resolvidos quanto suas sexualidade.  Assim, o destino se torna aquela mão estendida que você pode agarrar e foi exatamente isto que uniu estes três jovens.

A leitura é tão envolvente que terminei em dois dias. Quanto mais você progride na leitura, os laços entre leitor e personagem se tornam fortes. Principalmente com Ian e Henrique. A troca entre eles é algo lindo e inspirador. Enquanto um passa a sua experiência como forma de ajuda e conforto - mesmo quando ainda tem suas batalhas internas - o outro tenta conviver com esta nova realidade. Os pensamentos de ambos são essenciais para entendermos o  impacto do diagnóstico da condição sorológica. Os personagens secundários (Gabriel, Sandra, Vanessa e Eric) trouxeram antagonismos que mesclavam entre o assunto principal (HIV), nos apresentando situações em se provava o real valor da amizade e a confiança.

Por ser tratar de um assunto delicado e muitas vezes pouco discutido, foi de extrema importância toda a pesquisa e cuidado que o Lucas nos trouxe. O mais incrível foi a sua dosagem entre a narrativa e as informações. Cada parte foi pensada para a informação não ficar jogada ou ser muito confusa para nossa compreensão (até mesmo por conter termos médicos). A nossa visão desta parte em específico veio de Ian, pois ele precisava entender. Isto foi algo que como leitora, me deixou muito feliz e orgulhosa, pois leitura se tornou mais rica, reflexiva e cheia de significados importantes para nossa vida.

Por falar em reflexão, o Victor é sem sombras de dúvidas um personagem complexo. A perspectiva dele parece remeter ao senso comum que permeia nossa sociedade. O medo do desconhecido. No começo eu o julguei e senti raiva. Mas no final do livro, percebi que eu estive errada. Quantas vezes, ao longo de nossos dias, não vemos algo e apontamos o dedo, sem ao menos conhecer ou escutar o outro lado? Senti-me péssima. Acredito que este seja exatamente o propósito deste personagem: nos causar desconforto. É normal sentir medo? Sim. É normal ter pensamentos preconceituosos? Sim, e por isso precisamos nos desconstruir. Nossa educação foi feita a base disto e vivemos nesta bolha o tempo todo. Deste modo, é importante seguir com a conscientização, pesquisa, conversa e reflexão. 

Um dos melhores livros do ano, sem sombras de dúvidas. E na minha opinião, um dos melhores livros jovem adulto brasileiro. Lucas, eu só posso te agradecer por estas três pessoinhas lindas que ficaram comigo por dois dias, mas que levarei pelo resto de minha vida. Sinto-me honrada de ter esta preciosidade em minha estante e no meu coração. Um livro que fala sobre superação, autodescobrimento, conscientização e informação. Porém, acima de tudo, A M O R. E nunca se esqueçam: mesmo quando as coisas estiverem ruins, ainda existe coisas boas por vir. A vida tende a nos dar muitas rasteiras e nos impor obstáculos. Mas ela também tem muita coisa boa a nos oferecer. E como diria Cazuza: "O tempo não para".

E você merece ser muito feliz. 

"O medo não é um monstro de quinze metros de altura 
para o qual eu tenha que me curvar"


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AGENCIAMENTO 

SOBRE O AUTOR: O autor é formado em Biblioteconomia e Documentação pela UFF e fez mestrado em Ciência da Informação. Publicou contos em três coletâneas lançadas pela editora Draco e, em abril de 2015, seu conto O Rei e a Deusa foi lançado no projeto O Outro Lado da Cidade, coordenado pela Taissa Reis. Também participa da coletânea Todas as Cores do Natal, projeto da Página 7 sobre personagens LGBTQ+ durante as festas de fim de ano. Seu primeiro romance, Você Tem a Vida Inteira, será lançado pela Galera Record em agosto de 2018.

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