Não é segredo que eu seja fã da escrita de Pepper. Quando li a trilogia Não Pare! que você pode conferir as resenhas neste link, fiquei encantada. Porém, sempre deixei a leitura de Treze para depois. Até que semana passada recebi uma mensagem da própria autora me convidando para ler em troca de uma resenha honesta. Assim, tomei a famosa vergonha na cara e encarei o desafio. A única coisa que me arrependo é de não ter lido antes. Sra. Pepper, obrigada pela confiança. 

SINOPSE: O romance repleto de ação e de reviravoltas onde por detrás dos mistérios de um número encontra-se o verdadeiro amor”. Às vésperas de cometer o maior golpe de sua vida, a cética Rebeca vai a um parque de diversões decadente e se depara com uma enigmática cartomante que, contra a sua vontade, faz uma série de previsões bizarras sobre seu futuro. Para seu desespero, todas as nefastas previsões viriam a se concretizar e a arremessariam em um furacão de perdas e de derrotas. Quando sua vida chega ao fundo do poço, circunstâncias inesperadas lhe dão a chance de um recomeço e, querendo ou não, agora Rebeca não pode desprezar a última e mais perturbadora previsão da vidente: o número TREZE, ou melhor, o décimo terceiro namorado seria o homem que traria sua salvação. Longe dele, sua existência seria apenas caos e ruína. O que Rebeca jamais poderia imaginar, no entanto, é a que a cartomante camuflaria o predestinado atrás de charadas. Dois rapazes surgem em seu caminho e se encaixam perfeitamente nas pistas, mas apenas um deles será o grande amor da sua vida. É chegada a hora de decifrar o enigma do coração ou arriscar perder tudo para sempre.

Como já dito no início, sou fã da escrita de Pepper, e fico imensamente feliz de ver autoras talentosas como ela acrescentando histórias extraordinárias em nossa literatura contemporânea. A obra nos apresenta Rebeca, que segue sua amiga Suzy a uma vidente, chamada Madame Nadeje. Ressabiada quanto a veracidade da vidência, fica com um pé atrás, mas aceita fazer uma consulta, na qual sai meditando sobre o que foi dito. Quando está voltando para casa, se depara com uma tremenda tempestade e no meio dela a tal vidente. Ao dar carona, acaba recebendo uma previsão pra lá de assustadora: o seu décimo terceiro namorado seria o homem que traria sua salvação. É claro que ela não acredita. Assim, segue para a faculdade, um dos destinos previstos, e surgem dois garotos em sua vida neste meio tempo, o que leva nossa protagonista a um caminho que nunca esperou encontrar.

Em paralelo, seguimos Karl, um ex-lutador de MMA que possuía uma boa vida: dinheiro, aclamação e uma suposta boa vida amorosa. Mas, após um terrível acidente, sua vida muda de forma inesperada. Ao se recuperar, precisa manter-se forte para ajudar sua mãe, que adoeceu, além de lutar contra as dívidas da família que cresceram desde o acontecimento trágico. Com a fé de sua mãe e irmã, Karl encontra vontade de se reerguer e aproveitar esta segunda chance.
Eu adorei estas disposições de povs diferentes, especialmente pelo espaço dado a cada personagem para desenvolver seus arcos e dimensão dramática. Particularmente eu gostei mais do Karl. Sua família é incrível e o personagem enfrentou um passado conturbado e mesmo assim tenta ser uma pessoa melhor a cada dia, ainda que algumas de suas ações tenham sido imaturas. Também adorei Rebeca, mesmo quando gostaria de fazê-la enxergar a força o que estava bem na sua frente. É compreensível, mas não deixa de ser irritante em boa parte do tempo.
Confesso que ao começar a leitura estava com aquele friozinho na boca do estômago por saber que teria um triângulo amoroso. Fica bem óbvio quem será o par romântico final, mas o caminho traçado até este desfecho é bem desconfortante. A sorte é que a autora soube trabalhar bem seus personagens e nos encaminhar para o rumo certo que a história sempre esteve a mostrar. Os erros e consequências não são justificadas como meras colocações para os personagens principais, como o fato de Rebeca (por influência da mãe) aplicar crimes para conseguir dinheiro, e sim para demonstrar suas potencialidades e fragilidades ao longo da narrativa, o que torna tudo mais rico.
O que mais me deixou encucada (de forma boa) foi a concepção de fé envolvendo alguns personagens e Rebeca. Como venho de uma família católica e sou estudante de Wicca, sempre me interesso e acho incrível quem consegue se encontrar em paz consigo e em uma crença que o faça sentir-se bem. A mãe de Karl, Sra. Deise, foi uma personagem que transpareceu tudo isto. Mas, me incomodou o ponto de questionarem o até então ateísmo Rebeca, já que (felizmente) vivemos em uma sociedade de escolhas individuais. Apesar disto, gostei da perspectiva de como a fé pode ser importante quando desenvolvida de forma verdadeira pela pessoa que a legitima. 

Um livro cheio de magia, amor e abordando uma reflexão sobre crenças. Foi uma leitura que me despertou muitas ponderações sobre minha vida, o que como leitora, é algo extremamente importante. Foi interessante acompanhar as reviravoltas na vida destes personagens que se tornaram tão queridos. Pepper, só posso agradecer por este maravilha de livro e pela disposição e confiança em dispô-lo ao ML. Leitura mais do que recomendada. 

*E-book cedido em parceria com a autora.

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SOBRE A AUTORA: Ser apaixonada por leitura não ia de encontro à minha origem. Vinda de uma família humilde, eu não tive acesso a livros de ficção no decorrer de minha infância. Eles eram caros e meus pais esforçavam-se por comprar os estritamente necessários (e chatos!), tais como: matemática, física, química, etc. Tive que deixar minha paixão pela leitura de lado e começar a trabalhar desde cedo. O tempo se esvaía, como água entre os dedos, e não me sobravam minutos para os sonhos. Nunca. Minha vida foi tomando outros rumos e acabei me formando em Odontologia (que, por sinal, aprendi a amar também). Porém, a mesma vida que me fez mudar de direção, deu uma guinada em sua trajetória e me colocou face a face com meu antigo e fulminante amor: Os Livros de Ficção, mais especificamente, os livros infanto-juvenis. Wokaholic assumida, vi meu mundo ficar de cabeça para baixo quando meu médico me disse que estava grávida, mas que era uma gravidez de risco e que teria que ficar de repouso durante os nove meses, caso realmente quisesse segurar o bebê em meus braços. De início, achei o máximo ficar algumas semanas sem fazer nada, só comendo besteiras e vendo todos os programas da televisão ( que nuca tive a oportunidade de assistir!). Mas, os dias foram passando e, com eles, a minha paciência. Após um mês deitada, comecei a ficar nervosa e estava a um passo da depressão quando meu marido (e nas horas vagas, meu super herói) entrou em ação. Vou me recordar até os últimos dias de minha vida quando ele chegou em casa carregando um presente envolto num lindo embrulho e disse com um sorriso travesso nos lábios: "Você já dormiu demais. Está na hora de começar a sonhar."

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