[RESENHA] DE VOLTA PARA CASA, SEANAN MCGUIRE.

outubro 22, 2019


De Volta para casa foi um livro surpreendente do começo ao fim. É uma leitura rápida, mas que nos leva a uma aventura reflexiva e cheia de metáforas que podemos utilizar em nosso cotidiano. Vencedor de prêmios importantes como Hugo, Nebula, Locus e Alex Award, nos faz navegar pelas águas dos contos que tanto nos agraciaram quando crianças. A forma como Mcguire nos faz acompanhar seus personagens e sentirmos suas emoções é realmente incrível. 

SINOPSE: Crianças sempre desapareceram nas condições certas: escorregando pelas sombras debaixo da cama, atrás de um guarda-roupa ou caindo em buracos de coelhos e em poços velhos, para emergir em algum lugar... diferente. Nancy viajou para um desses lugares, e agora está de volta. As coisas que ela viu... mudam uma pessoa para sempre. E as crianças sob os cuidados de Eleanor West compreendem isso muito bem: cada uma delas procura a porta de volta ao seu próprio universo fantástico, mas poucas conseguem encontrá-la. Afinal, mundos mágicos têm pouca utilidade para crianças cujos milagres já foram usados. A chegada de Nancy marca também uma terrível mudança no internato. Há uma escuridão pairando à cada esquina, e quando a tragédia ataca, Nancy e seus colegas precisam desvendar o mistério. Não importa o custo.

Imagine você entrar por uma porta e se deparar com um mundo mágico e que te compreende por inteiro e o fisga pelo que parece minutos, quando na verdade já se passaram anos. E de repente, você retorna ao seu mundo real e precisa lidar com as consequências físicas e emocionais que esta experiência deixa em sua vida. Resumidamente esta é a premissa da novela de McGuire, que acompanha nossa protagonista Nancy, que retorna do Salão dos Mortos para uma espécie de internato aos cuidados da Sra. Eleanor West. Mas, quando sua chegada acarreta em seríssimas tragédias, ela precisa lidar e permanecer forte ao lado dos amigos que criou para descobrir quem é o real culpado pelos terríveis crimes que assombram a todos.

A criação de mundo desta obra é a parte mais bacana de se acompanhar. Cada aluno que está aos cuidados da Sra. West estiveram em algum lugar alternativo. Por terem pouca idade e se acostumarem ao ambiente em que ficaram condicionados, acabam por se moldar e se transformam em autênticos moradores dos respectivos universos. Como no caso de Nancy, que aprendeu a arte de manter-se estática ao habitar os Salões dos Mortos. O estranhamento pelo novo comportamento destes jovens e a forma como "precisam" ser mantidos longe do convivo social é uma reflexão que nos faz pensar no conceito de normal para o mundo em que vivemos. 

Ao ler esta história fica impossível não pensar em obras como As Crônicas de Nárnia, O Lar da Senhorita Peregrine e Alice no País das Maravilhas. Porém, gostei da autora buscar sua própria originalidade, ainda mais quando se mostram personagens de diferentes personalidades e complexidades, como Jack e Sumi. Também é interessante a reflexão sobre os traumas dos jovens e a dinâmica com suas respectivas famílias. As analogias com a vida real, a representatividade bem escrita, a narrativa que segue bem estrutura e o mistério bem cultuado ao longo das páginas faz com que esta obra seja especial. O final deixa aquele gostinho agridoce, nos fazendo pensar sobre o verdadeiro significado de lar e de nossa própria identidade.

"Para nós, os lugares aonde fomos eram nosso lar. Não nos importávamos se eram bons, maus, neutros ou o que quer que fossem. Nos importávamos com o fato de que, pela primeira vez, não tínhamos que fingir ser alguma coisa que não éramos. Podíamos só ser. Isso fazia toda a diferença do mundo."

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SOBRE A AUTORA: Seanan McGuire nasceu em Martinez, na Califórnia, e foi criada em uma ampla variedade de locais, a maioria deles dotada de algum tipo de vida selvagem perigosa. Apesar de sua atração quase magnética por qualquer coisa venenosa, ela, de alguma forma, conseguiu sobreviver por tempo suficiente para adquirir uma máquina de escrever, um domínio razoável da língua inglesa e o desejo de combinar os dois. O fato de não ter sido morta por usar sua máquina de escrever às três da manhã provavelmente é mais impressionante do que não ter morrido por uma picada de aranha. 

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