Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele, a adulta se transforma em uma voz potente para sua geração. Assim, Marjane emociona leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.

A grapic novel é uma autobiografia em quadrinhos de Marjane, que nasceu no Irã (antiga Pérsia) em 1969. A quadrinista nos mostra a história do Irã - marcada pela disputa do poder - em paralelo com sua experiência de vida, como uma garota criada numa família que incentivava um futuro de independência para a filha. Quando se sente ameaçada em seu próprio país, a protagonista busca apoio em outro continente (Europa), sendo vítima frequente de xenofobia. A sua trajetória de separação da família, a leva a conhecer e se adaptar a uma nova cultura e ainda ter de lidar com os dilemas da adolescência e a busca pela própria identidade se tornam o maior desafio desta leitura.

Os traços de Marjane são muito incríveis e já muito característicos da autora. O preto e branco dialoga com a história contada, de forma a nos deixar fascinados por alguns quadros que são mais trágicos ou mais carregados de humor. E por falar nisto, o carácter biográfico é simplesmente impecável. Desde a infância, adolescência e vida adulta é realmente um grande filme que nos é apresentado. Vale muito a pena se deixar conhecer a história desta personagem tão icônica e que tem tanto a nos dizer.  

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