[RESENHA] CADÊ VOCÊ BERNADETTE?, MARIA SEMPLE.

janeiro 18, 2020


Existem livro que começam de forma estranha ou desinteressante. Então, com persistência e aquela dose necessária de curiosidade, a leitura prossegue. Foi assim com Cadê, você Bernadette, que ganhou uma boa adaptação literária para o cinema com a talentosíssima Cate Blanchett. Com uma forma diferente, sarcástica e ousada de escrita, a obra começa de forma confusa e ganha ritmo conforme vamos desvendando seus ilustres personagens. 

SINOPSE: Bernadette Fox é notável. Aos olhos de seu marido, guru tecnológico da Microsoft e rock star do mundo nerd, ela se torna mais maníaca a cada dia; para as demais mães da Galer Street, escola liberal frequentada pela elite de Seattle, ela só causa desgosto; os especialistas em design ainda a consideram uma gênia da arquitetura sustentável, e Bee, sua filha de quinze anos, acha que tem a melhor mãe do mundo. Até que Bernadette desaparece do mapa. Tudo começa quando Bee mostra seu boletim (impecável) e reivindica a prometida recompensa: uma viagem de família à Antártida. Mas Bernadette tem tal ojeriza a Seattle - e às pessoas em geral - que evita ao máximo sair de casa, e contratou uma assistente virtual na Índia para realizar suas tarefas mais básicas. Uma viagem ao extremo sul do planeta é uma perspectiva um tanto problemática. Para encontrar sua mãe, Bee compila e-mails, documentos oficiais e correspondências secretas, buscando entender quem é essa mulher que ela acreditava conhecer tão bem e o motivo de seu desaparecimento. Maria Semple revela, em seu segundo romance, a influência de grandes escritores contemporâneos como Jonathan Franzen e Jeffrey Eugenides, ao mesmo tempo que se afirma como uma voz original, marcada pelo melhor humor das séries de TV norte-americanas. Sem sentimentalismos, mas com muita empatia, Cadê você, Bernadette? trata do amor incondicional de uma filha por sua mãe imperfeita.

Bernadette é uma mulher que abriu mão de seu trabalho e carreira para cuidar de sua filha, Bee, que nasceu com um problema sério de saúde. Assim, se tornou uma mulher cautelosa, com um forte gênio e que enxerga o local em que mora e seus habitantes de maneira mais crítica. Sem amigos próximos, acaba por desabafar com uma assistente virtual da Índia que, mais tarde, se mostrará ser um completa confusão e dor de cabeça para Bernadette. Neste meio tempo, está em constante tensão com a comunidade em que vive, principalmente com sua vizinha Audrey.

"Se Bernadette fosse apenas uma mulher no canteiro de obras tentando pedir que alguém soldasse metal, ela teria sido comida viva. E, não vamos esquecer, ela tinha trinta anos. A arquitetura é uma das poucas profissões nas quais idade e experiência são realmente vistas como qualidades. Uma mulher, jovem, sozinha, construindo uma casa praticamente sem plantas, bem, era o tipo de coisa que não dava pra fazer. Sabe, até o arquiteto da Ayn Rand era um homem."

A trama central foca no pedido de Bee de viajar com sua família para a Antártida. Ao longo dos anos, Bernadette acumulou muitas dores e anseios que tenta esconder de sua família, o que a torna uma personagem complexa e muito bacana de se acompanhar. Assim, por meio de uma narrativa com emails, cartas, bilhetes e documentos oficiais, vamos entendendo a causa do sumiço repentino de Bernadette e como sua filha Bee chega a conclusão de todo o mistério.

É uma leitura que inicialmente demanda muito do leitor, mas que depois flui. Os personagens secundários são interessantes, mas não despertam muito interesse quanto a nossa protagonista. O marido dela, Elgin Branch, vive para o trabalho. É um personagem que não me acrescentou na trama, e o arco dele só meio deixou mais angustiada pelo que acontece com Bernadette. O final me deixou pensativa, pois você espera um livro mais leve e com menos informações, e ao terminar a leitura, sente que absorveu uma boa quantidade de aprendizados.

Uma obra que nos fala sobre a relação entre marido e esposa, mãe e filha. Bernadette é apenas uma mulher que abriu mão de uma carreira promissora e para cuidar de seu maior bem e amor, sua filha. É uma leitura diferente, corajosa e que me deixou muito feliz por tê-la feito.

Agradeço a Companhia das Letras por dispor o ebook para esta resenha. 

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SOBRE A AUTORA: Nasceu em Santa Mônica, na Califórnia, em 1964. Antes de estrear na ficção com o romance This One is Mine, em 2008, escreveu para aclamadas séries de TV como Mad About You, Ellen e Arrested Development. Seus textos já foram publicados na New Yorker. Vive em Seattle, onde dá aulas de escrita criativa.

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@mariandonoslivros