[RESENHA] DESAPARECIDOS EM LUA DE LUZ, CHRISTELLE DABOS.

outubro 28, 2019


Existem livros que por algum motivo nos deixam com uma sensação agridoce após a leitura. Foi o que ocorreu com Os Noivos do Inverno, primeiro livro da série francesa A Passa-Espelho, lançada pela Editora Morro Branco. Eu senti que esta história não teria um fim tão próximo. Precisava de muitas respostas e os personagens tinham que ter mais espaço para se desenvolver. Qual não foi minha surpresa ao finalmente estar lendo o segundo livro e me deparar com uma continuação surpreendente, cheia de reviravoltas e uma protagonista que me deixou orgulhosa pelo seu crescimento dentro de seu enredo. Que experiência incrível foi ler Desaparecidos em Lua de Luz. 

SINOPSE: Quando Ophélie é promovida a vice-contista, ela se vê inesperadamente jogada aos holofotes e escrutínio da corte. Seu dom, a habilidade de ler a história secreta dos objetos, é descoberto por todos, e não há maior ameaça aos nefastos habitantes de seu novo lar gélido do que isso. Sob os arcos dourados da capital do Polo, ela descobre que a única pessoa em que talvez possa confiar é Thorn, seu enigmático e frio noivo. À medida que influentes pessoas da corte começam a desaparecer, Ophélie se encontra novamente envolvida em uma investigação que a levará além das muitas ilusões do Polo e a uma temível verdade.

PODE CONTER SPOILER DO PRIMEIRO LIVRO.

Este livro é uma reunião de diversos arcos narrativos. Felizmente, são muito bem escritos e tornam a leitura ainda mais dinâmica, diferente de seu primeiro que assumia o tom monótono. Ophélie, para relembrar, termina o primeiro livro por se adentrar no universo de seu noivo Thorn e sua tia Berenilde, dois personagens que ganham força e cor neste livro. Assim, para inteirar sobre sua nova vida, buscando se adaptar de maneira a conseguir sobreviver. 

Após um incidente, Ophélie é promovida a ser vice-contista do espírito familiar Lord Farouk. O que acaba colocando-a sob os holofotes e vulnerável para os diversos desafios de se viver em um local onde o inimaginável pode acontecer. Com isso, suspeita que a única pessoa que pode confiar é em seu noivo. E a partir desta premissa, o livro se desenrola com grande facilidade, tornando a leitura uma das minhas experiências literárias favoritas dos últimos tempos. 

Ainda permaneço surpresa com a criação de mundo. Neste livro em especial, foi crucial entendermos mais dos ambientes mágicos e toda a cultura, politicagem, misticismo e a questão da ancestralidade, que nos oferece respostas quanto aos personagens, como por exemplo a obsessão sempre presente ao livro de Farouk e a amplitude do poder de Ophélie. É delicioso acompanhar o trabalho de detetive desta personagem que começou pequena e medrosa e agora ganhou força e possui uma determinação louvável e muito inspiradora. Foi um dos crescimentos mais encantadores de acompanhar em uma série literária. Eu amei a Ophélie deste livro, que se desafiava a persistir na busca de respostas, mesmo quando existiam circunstâncias que a afastavam da sua busca pela verdade. 

E por falar em progresso, os personagens secundários foram fundamentais para nossa compreensão do que foi visto no primeiro livro e do que ocorrerá no decorrer da série. Em especial de Thorn e Berenilde. Esta última foi a maior revelação do livro, pelo menos para mim. A explicação de todo o seu contexto de vida até o momento presente do livro é angustiante e não que justifique suas ações anteriores, mas faz com que reflitamos sobre assuntos como narcisismo parental e distúrbios mentais. Houveram momentos impactantes e que me emocionaram. Não esperava que a história dela seguisse tal rumo e eu adorei. Na verdade, as mulheres deste livro são um show para se aproveitar. 

Outro ponto a ser destacado é a peculiaridade do personagem Farouk. Existem alguns trechos do livro que parecem ser pequenos fragmentos de sua memória. Quando o vemos pelo olhar de Ophélie, a princípio, deparamos com uma criatura singular, majestosa e intimidadora. Contudo, quanto mais nos aproximávamos do final do livro, maior era a certeza da percepção de que algo maior existia e que este personagem era apenas mais um peão em um jogo perigoso e mortal. E foi uma das minhas partes prediletas de descobrir. Fiquei muito impressionada e só sabia pensar: EU PRECISO DO TERCEIRO LIVRO! A mistura com questões mitológicas e com um quê religioso traz uma magia e encanto a parte, principalmente quando ligamos os pontos que foram deixamos em abertos no primeiro livro. 

"Confio apenas na ciência das probabilidades. Estas são as estatísticas matemáticas, a análise combinatória, a função de massa, as variáveis ​​aleatórias e elas nunca me surpreenderam. Você não parece estar em posição de sentir que é alguém como eu. "

Outro tópico a ser considerado é o romance de Ophélie e Thron. Na verdade, acho que a palavra certa é relação. Seria de muita insensatez dizer qualquer coisa, pois está tudo atrelado as descobertas do livro. Porém, só posso dizer que este homem carrancudo e estranho cresceu dentro de meu coração (assim como no de Ophélie). Digamos que eles são uma chama lenta e constante. 

"Não era Thorn quem precisava dela. Foi ela quem precisou de Thorn. 
Ophélie mergulhou de corpo e alma no espelho." 

Desaparecidos em Lua de Luz é uma história intrigante e que nos faz querer por mais. Seus personagens e enredo tornam a caminhada impossível de ser abandonada. O jogo político, as problemáticas familiares e os aprendizados advindos de posições ousadas traz uma vivência especial para aqueles que resolverem desbravar esta história que ainda tem muito a dizer. Me sinto grata por ter conhecido os livros. 

PRÓXIMOS LIVROS:

LEIA MAIS SOBRE O PRIMEIRO LIVRO:

ADQUIRA SEU EXEMPLAR:
SOBRE A AUTORA: Christelle Dabos nasceu na França, em 1980, e cresceu em uma casa repleta de música clássica e enigmas históricos. Mais imaginativa que racional, começou a rabiscar seus primeiros textos dos bancos da faculdade. Mudou-se para a Bélgica, onde começou a trabalhar como bibliotecária, e a escrita se tornou uma válvula de escape quando adoeceu. Durante esse período, Christelle começou a se engajar na Silver Plume, uma comunidade de autores na internet. E graças ao encorajamento deles, ela decidiu aceitar seu primeiro desafio literário: inscrever-se no Concours du Premier Roman Jeunesse. Na primavera de 2012, a Gallimard Jeunesse, a RTL e a Telérama lançaram um concurso aberto a todos aqueles que sonhavam em se tornar escritores para o público jovem. Dentre os 1.362 textos recebidos, um júri composto por editores, autores, jornalistas, livreiros e leitores, selecionou o grande ganhador, que foi Os Noivos do Inverno. 

CONHEÇA NOSSAS OUTRAS POSTAGENS:

0 comentários

@mariandonoslivros